AS EMPRESAS AINDA DEIXAM AS MULHERES INSEGURAS

UM NOVO ESTUDO MOSTRA QUE, EMBORA TECNICAMENTE MAIS CAPACITADAS, AS MULHERES RECEBEM MENOS SUPORTE E OPORTUNIDADES QUE OS HOMENS NAS ORGANIZAÇÕES.

Quem contrata mais mulheres lucra mais, diz  uma pesquisa da Catalyst (Foto: Gettyimages)NO COMEÇO DA CARREIRA, AS MULHERES SÃO MAIORIA NOS CARGOS DE LIDERANÇA. COM O TEMPO, A SITUAÇÃO SE INVERTE (FOTO: GETTYIMAGES)

As mulheres estudam mais que os homens e começam a carreira assumindo mais cargos de gestão. Porém, com o passar dos anos, recebem menos treinamentos formais das empresas em que trabalham, passam a ser minoria no quadro de líderes e suas equipes tendem a ser menores do que as dos homens.

As conclusões fazem parte de um estudo sobre liderança, conduzido pelas consultorias de Recursos Humanos LAB SSJ e Clave, com 4.292 participantes. “Essas constatações estão alinhadas com outros tantos estudos nacionais e internacionais, realizados nos últimos anos”, afirma Isadora Marques, gerente de pesquisa do LAB SSJ. “Está claro que as mulheres têm tanto ou mais capacidade e habilidade do que os homens para assumir cargos de gestão, mas ainda não alcançam as lideranças na mesma proporção”.

Entre os entrevistados para a pesquisa, os gestores com até 31 anos eram, em sua maioria, mulheres – 39,8%, em comparação a 30,9% de homens. Já a partir dos 46 anos, a relação entre os gêneros se inverteu: 10,4% eram mulheres, e 19,3%, homens.

Do total de participantes, 54,9% das mulheres tinham pós-graduação, em comparação a 48,9% de homens. Porém, apenas 12,5% das entrevistadas afirmaram ter recebido preparação formal para assumir o primeiro cargo de gestão da carreira. Entre os homens, esse número ficou em 18,7%. Em relação ao tamanho das equipes, 55 % dos grupos com até cinco subordinados estavam sob responsabilidade de mulheres, enquanto 41,8% eram liderados por homens. À medida que o tamanho do grupo crescia, a situação se invertia. Entre os grupos de mais de 20 pessoas, 13,7% eram liderados por mulheres, e 25,6% por homens.

Para Isadora, a responsabilidade principal por essas desigualdades é das empresas, que, em geral, oferecem menos oportunidades de treinamento, reconhecimento e suporte aos funcionários do sexo feminino.

A pesquisa também mostra que as mulheres são menos promovidas a partir de processos seletivos internos (12,9% em relação a 15,4% de homens) e por meio de mapeamento ou indicação no processo de sucessão da área (6,3% em comparação a 8,7% de homens). Quando o meio para o crescimento na carreira era indicação do gestor ou mudança de empresa, a variação entre eles e elas ficou em torno de 1%.

“Um dos inibidores do crescimento feminino são os estereótipos de gêneros, que ainda estão muito presentes nas organizações”, afirma Isadora. “Isto é, a maneira que a mulher é vista no ambiente corporativo: como alguém mais voltada para as relações humanas, ao contrário dos homens, que seriam mais voltados para áreas exatas, para os números”.

O fato de as mulheres terem equipes menores que a dos homens, por exemplo, é sinal de que recebem menos confiança por parte da empresa. “Isso as deixa mais inseguras”, diz Isadora. Essa realidade se reflete nas angústias relacionadas ao primeiro cargo de gestão, relatadas por elas na pesquisa. A maioria, 56,2%, afirmou sofrer com a perspectiva de ter que assumir mais riscos, em relação a 49,9% de homens.

De acordo com Isadora, esse cenário faz com que tanto as companhias quanto os funcionários saiam perdendo. “O mundo todo sofre com a mão de obra escassa em diversos setores”, afirma. “Então, não se trata de defender as mulheres. Mas de ampliar o leque de possibilidades e garantir que as oportunidades sejam equânimes para todos e atendam às necessidades das organizações”.

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