Brasileiros 'tropicalizam' startups de sucesso para ganhar dinheiro

Dentro do mundo do empreendedorismo existe um modelo de startup conhecido como ‘copycat’. Trata-se de empresas baseadas em negócios já testados e validados em outros países. O empreendedor adapta a ideia de uma companhia estrangeira em outro local.

Este modelo de startup é bastante comum no Brasil e, segundo Heitor Chaves, cofundador do site agregador de ofertas SaveMe, o país pode se beneficiar com as cópias. Um modelo de negócio bem avaliado dá segurança aos investidores e acaba minimizando os riscos. Isso ajuda a criar um ecossistema de empreendedorismo no país - quanto mais empresas forem financiadas, mais pessoas irão empreender.

Chaves lembra que a reprodução de uma ideia não é tão simples quanto parece. O copycat é como uma adaptação e não um plágio. Cada mercado possui características diferentes que precisam ser abordadas de formas únicas. Portanto, o trabalho de adequação é fundamental para alcançar o sucesso.

"O nome pode soar mal, mas a quantidade de trabalho é a mesma, como se fosse algo novo. O copycat é uma inspiração, não um control + C e control + V [copiar e colar]", disse em entrevista ao Olhar Digital.

As mudanças culturais e burocráticas influenciam tanto no negócio que, algumas vezes, é como se a startup nunca tivesse existido. Alterações na ideia original acabam acontecendo e influenciam todo resto, como público-alvo e estratégias de marketing.

"É muito difícil ter uma ideia completamente nova. Provavelmente alguém já pensou nisso antes, mas, se ainda não fez sucesso, é porque não foi executada da melhor maneira", comenta. "No copycat é a mesma coisa, cabe ao empreendedor saber realizar algo melhor, refinar...", conclui.

O diretor da empresa de investimentos Bolt Ventures, Nicolas Gautier, faz parte do time que luta contra as copycats. Ele acredita que a cópia deixa a empresa mais vulnerável, já que outros empreendedores podem implementar o mesmo projeto facilmente, aumentando o número de concorrentes.
Além disso, a cópia desmotiva a inovação e atrapalha empresas que pensam em explorar seu negócio em novas regiões. Depois de investir em alguns clones no país, Gautier abandonou a prática. Agora ele aposta em "startups que resolvem problemas brasileiros com soluções brasileiras", disse em entrevista à Folha de S. Paulo.

Histórias de sucesso
A LogoChef, fundada pelo brasileiro Dan Strougo, quase perdeu mercado no início do ano. O site australiano 99designs, o qual ele havia se inspirado, estava se preparando para atuar no Brasil.

Como ambas as empresas reúnem designers freelancers para criação de logomarcas, Strougo achou que seu negócio fracassaria diante do poder da rival. A empresa original já tinha mais de 245 mil artistas cadastrados, enquanto a versão brasileira contava com cerca de 2,4 mil inscritos.

Strougo resolveu, então, entrar em contato com os australianos para tentar uma parceria. Algumas reuniões depois, a LogoChef foi comprada pela 99designs e o empresário brasileiro se tornou o diretor geral da companhia no Brasil.
Com o Peixe Urbano a história foi inversa. O primeiro site de compras coletivas do mundo, o Groupon, chegou mais tarde por aqui e teve de correr atrás do prejuízo para assumir a liderança. Na época, a versão 'tropicalizada' do negócio tinha cinco vezes mais vendas no país que o site original.
Na mesma linha, a varejista online de produtos infantis Baby conseguiu inovar dentro da copycat, criando um clube de compras inédito, que deve ser copiado pela empresa estrangeira. Outras adaptações brasileiras que deram certo foram a Locamob, que se baseou no site de recomendações Yelp, e a Brasi, que vende quadros e molduras de fotos publicadas no Instagram, similar à Printstagram e a Instacanvas.

Dicas

O fundador do SaveMe dá duas dicas essenciais para quem pensa em abrir uma startup copycat:

1 - Na hora de buscar por um modelo de negócio, não se foque apenas em startups de sucesso. O ideal é conhecer de tudo, inclusive startups que fracassaram. No empreendedorismo é importante aprender com os erros dos outros.

2 - Analise o timing do negócio. Os apps de taxi, por exemplo, não triunfaram no início, porque o país ainda não estava preparado para receber a inovacão. Agora, com o amadurecimento do mercado de smartphones, estes aplicativos são sucesso.

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